Cuidado, pode ter alguns Spoilers!!! Mas leia mesmo assim!
Livro: "The Leftovers"
Autor: Tom Perrotta
Editora: Intrínseca
ISBN: 9788580574173
Ano: 2014
Páginas: 320
Skoob: Livro
Estrelas: 3
Sinopse: "O que aconteceria se, de repente, sem nenhuma explicação, pessoas simplesmente desaparecessem, sumissem no ar? É o que os perplexos moradores de Mapleton, que perderam muitos vizinhos, amigos e companheiros no evento conhecido como Partida Repentina, precisam descobrir. Desde o ocorrido nada mais está do mesmo jeito — nem casamentos, nem amizades, nem mesmo o relacionamento entre pais e filhos. O prefeito da cidade, Kevin Garvey, quer acelerar o processo de cura, trazer um sentimento de esperanças renovadas e propósito para sua comunidade traumatizada. Ainda que sua família tenha sido desfeita com o desastre: sua esposa o deixou para se juntar a um culto cujos membros fazem voto de silêncio; seu filho, Tom, abandonou a faculdade para seguir um profeta duvidoso chamado Santo Wayne; e sua filha adolescente, Jill, não é mais a dócil estudante nota dez que costumava ser. Em meio a tudo isso, Kevin ainda se vê envolvido com Nora Durst, uma mulher que perdeu toda a sua família no 14 de Outubro e continua chocada com a tragédia, apesar de se esforçar para seguir adiante e recomeçar a vida. Com emoção, inteligência e uma rara habilidade para enfatizar os problemas inerentes à vida comum, Tom Perrotta escreve um romance impressionante e provocativo sobre amor, conexão e perda".
***
Essa semana eu decidi
ler um livro diferente do que eu costumo ler. Já estava ensaiando para pegar
ela há um tempo já. Comprei esse livro em uma promoção nas Lojas Americanas,
apenas porque a capa me chamou muito a atenção. Obvio que eu já sabia que havia
uma série relacionada ao livro, então aproveitei e fui com tudo.
Essa semana eu li The
Leftovers – Os deixados para trás, do americano Tom Perrotta. Para quem não
conhece, Perrotta nasceu em Garwood, New Jersey. É filho de um carteiro e uma
secretária . Desde criança, Tom já adorava ler, tendo O. Henry, J. R. R.
Tolkien e John Irving dentre seus escritores favoritos, começou, já no ensino médio,
escrevendo contos para uma revista literária chamada Pariah. Cursou Inglês na
Universidade de Yale, entrando lá em 1983 e logo em seguida fez mestrado em artes
na Universidade de Siracusa.
Em 1991, Tom Perrotta
casou-se com a também escritora Mary Granfield, com quem teve dois filhos:
Nina, nascida em 1994 e Luke, que nasceu em 1997. Desde então, vive com sua familia
Belmont, Massachusetts.
Em Junho de 2012 Damon
Lindelof foi anunciado para desenvolver a serie baseada no livro junto com Perrotta.
O episódio piloto foi encomendado em Fevereiro de 2013. No dia 16 de Setembro
de 2013, a HBO anunciou que transformariam The Leftovers em uma série,
encomendando uma temporada com 10 episódios. Essa foi a primeira série da HBO
adquirida de um estúdio de fora, a Warner Bros. Television, e a primeira também
a não ter sido produzida unicamente pela HBO. Hoje, a série passará por
reformulações na trama e elenco para a sua segunda temporada.
"As pessoas precisavam de
uma razão para saírem de suas casas e se divertirem um pouco, erguerem os olhos
para o céu e se darem conta de que o mundo não tinha acabado".
A história se passa em
uma cidade de Nova Iorque chamada Mapleton, e narra os acontecimentos do que
muitos acreditam ser o ‘arrebatamento cristão’ e acompanha a vida das pessoas
que não foram levadas pelo arrebatamento, três anos após ter ocorrido.
Acredita-se que 2% da população mundial tenha desaparecido (algo em torno de
140 milhões de pessoas) e a série passa a acompanhar como a sociedade está
agora.
Depois desse ocorrido o
mundo todo fica abalado. Pessoas perdem seus entes queridos, filhos, irmãos,
pais, amigos, namorados... Tudo se esvai em um piscar de olhos. Ninguém sabe o
que realmente aconteceu, teorias bíblicas vem a tona assim como muitas outras
teorias. Alguns dizem que os que partiram eram pecadores – mas haviam tantas
crianças e pessoas de bem no meio -, outros dizem que eram os escolhidos para
algo além – transformando-os em os deixados, os perdedores. O pior nisso é que
as pessoas não não em quem por a culpa. E isso agrava ainda mais a tão esperada
‘cura’.
Organizações, seitas e vários
messias e profetas aparecem para rebanhar a humanidade. Pessoas largam suas
vidas para seguir aquilo que acreditam ser o caminho certo, enquanto deixam
para trás família e entes queridos. A humanidade vive um estado de “meu Deus, o
que vamos fazer?’... E parece que isso nunca vai passar. Alguns acreditam que,
após 7 anos do arrebatamento, tudo chegará ao fim. Outros acreditam que esse
vazio deixado por esse dia fatídico de 14 de outubro nunca deixara suas vidas.
“Tom Perrotta escreveu um
conturbador ensaio sobre como pessoas comuns reagem a acontecimentos
extraordinários e inexplicáveis, o poder da família para ferir e curar e a
sutil facilidade com que a fé se transforma em fanatismo” - Stephen King.
Sem duvidas essa foi a
leitura mais difícil do meu ano, até então. Tom, Perrotta nos apresenta a
realidade de várias famílias, de várias pessoas a respeito do que era e do que
se tornou a vida após os acontecimentos. Aquele sentimento de perda que nunca
se vai. Uma mãe que se prende ao Bob esponja, um rapaz que larga a faculdade
para seguir um messias e um pai que tenta cuidar de uma cidade e de uma filha
após a mãe os abandonar para seguir uma espécie de organização.
O autor nos coloca a par
de todos esses sentimentos internalizados, de toda essa saudade guardada por
cada pessoa que perdeu alguém no dia do arrebatamento.
A escrita é pesada,
demorada, e bem intrínseca. Não é para ser rápida, é para ser significativa.
Você tem que sentir exatamente aquilo que a personagem está sentindo. Entender
o que tinha antes, o que aconteceu e o que é hoje. Passado, presente e futuro.
Não há ação, não há
respostas. A trama é isso, é conhecimento. Você precisa apenas entender o que
aconteceu e como as pessoas têm reagido a isso. Não espere naves espaciais,
Jesus descendo ou magia negra sendo feita. O livro está ai para trabalhar o seu
psicológico. E se fosse você? E se o arrebatamento acontecesse?
Com uma escrita bem
intrincada e detalhista o autor nos mostra como seus personagens são perdidos e
encantadores, cada um com suas dores, cada um com suas realidade e fantasmas. A
leitura vai exigir um pouco mais de você que que normalmente um livro exige,
mas acredite, vale a pena. O final entra naquele ditado: Vamo fazê o quê? Acho
que faz parte do autor não dar aquele final que nós esperamos.
13/55