10 de outubro de 2016

Resenha - HELL

Cuidado, pode ter alguns Spoilers!!! Mas leia mesmo assim!
Livro: "HELL - Paris - 75016"
Autor: Lolita Pille
Editora: Intrínseca
ISBN:  9788598078014
Ano: 2003
Páginas: 205
Skoob: Livro
Estrelas: 2

Sinopse: "Esta obra, best-seller na França, faz um relato cínico da juventude parisiense do terceiro milênio. O livro é um misto de romance e relato confessional. A autora Lolita Pille é jovem, rica, usa drogas, gasta fortunas em roupas e causou muita polêmica ao lançá-lo . A protagonista é um alter ego da autora, despreza os que não pertencem ao meio e faz sexo como quem troca de roupa".


***

“Sou o mais puro produto da geração Think Pink; meu credo: Seja bela e consumista” – Pág. 06.

Sobre a autora
Lolita Pille, francesa nascida em Sèvres, no dia 27 de agosto de 1982, lançou seu primeiro livro, intitulado “Hell” em 2003 e rapidamente se tornou um fenômeno de vendas na França. “Hell” foi traduzido para diversas línguas e se tornou um best seller no mundo todo. O livro é uma crítica ao estilo de vida de jovens parisienses ricos que preenchem seu tempo usando drogas, indo a boates e fazendo compras em lojas de grife. Segundo a própria autora o livro é baseado no seu dia a dia, embora não seja auto-biográfico. Em 2005, Pille lançou seu segundo livro, “Bubble Gum”, a história de uma aspirante a modelo/atriz que faz de tudo para alcançar a fama, e em 2010, lançou seu terceiro livro, “Cidade Penumbra”.

“E vocês que sonham com a nossa opulência dourada e esplendorosa... É tudo fajuto, só folheado” – Pág. 20.

Sobre o livro
Elle, é rica, linda, mora no bairro mais rico de Paris, gasta todos os dias em roupas e tranqueiras o que nós, meros seres periféricos, ganhamos por mês para a sustentação de nossa família. Mas na cabeça dela sua vida é um verdadeiro inferno, sem sentido. Por isso resolveu se autonomear Hell (Inferno em inglês). Para ela sua vida não mais tem sentido. A rotina – compras, social com as amigas, jantares, festas, álcool e drogas – já não era mais o suficiente. Ela estava literalmente exaurida de toda a sua vida.
Cero dia ela se lembra que vai fazer um aborto. Sua mãe a leva até o médico, tudo como nos conformes. Depois de tudo feito ela decide ir fazer compras, afinal, nada como compras para distrair. Mas então ela para em frente a uma loja infantil e cai aos prantos. Soluça de tanto chorar. É nesse momento que um gentil rapaz a oferece um lenço e uma possível carona até em casa. Ela recusa, agradece a gentileza, nota que seu carro é bem caro e que ele é bem gostoso, e vai embora.
Mal sabe Hell que acabara de esbarrar com o homem que mudará sua vida e também destruirá seu coração.

“E um dia a gente se descobre jogando sozinho. O outro tira suas bolas de gude, toma suas cartas, e você fica plantado lá, como um babaca, diante de uma partida inacabada... Esperando. Porque é isso que você pode fazer, esperar. Parar de esperar, isso seria dizer que acabou” – Pág. 151.

O que esperar?
Entrei de cabeça nessa leitura achando que seria uma leitura simples e prazerosa – pelo menos foi isso que as resenhas e dicas sobre o livro diziam. Olha, sinto em dizer que não achei a leitura tão incrível assim. Primeiro que não existe um roteiro definido. Não que deva ter, mas de inicio, durante páginas e mais páginas, Hell destila seu veneno a quem quiser ouvir. Citando toda sua rotina e realidade e comparando com as pessoas menos favorecidas. Um discurso bem intrigante que me fez rir e muito, ótimo.
Mas depois disso não tem muito um clímax. Acompanhamos ela em bebedeiras, em noites e noites de drogas. Achamos que ela estava apaixonada por A, depois por B, mas então aparece Andrea e muda tudo. É nesse momento que tudo mudo e a história ganha um caminho. Mas ainda assim a leitura é difícil, pesada, apressada – e não de uma forma boa. São textões ligados e sem fim, falas que duram quatro, cinco falas. É como se Hell e Lolita não respirassem. O que acaba fazendo que que nós também não respiremos. Você se cansa facilmente da leitura.
Personagens fúteis – amei cada um deles -, contam ao leitor como é a vida da alta classe de Paris, classe essa que faz parte dos 0,01% dos 10% que são ricos, ou seja, eles são podres de ricos. Obviamente a mensagem de Pille foi passada e com sucesso: Dinheiro não traz felicidade. Da forma como eles gastam e perdem tempo, a única coisa que fica é o vazio de suas vidas.
Algo em tudo isso me lembrou a forma poética e sem pudor que eu costumo ler em livros portugueses, como a escrita de Melissa Panarello, por exemplo. É intrigante, impactante e muito, muito envolvente. Acredito que não seja o livro que vai mudar sua vida, mas vale a pena dedicar um tempinho para conhecer a história.
40/55

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