Cuidado, pode ter alguns Spoilers!!! Mas leia mesmo assim!
Autor: Lolita Pille
Editora: Intrínseca
ISBN: 9788598078014
Ano: 2003
Páginas: 205
Skoob: Livro
Estrelas: 2
Sinopse: "Esta obra, best-seller na França, faz um relato cínico da juventude parisiense do terceiro milênio. O livro é um misto de romance e relato confessional. A autora Lolita Pille é jovem, rica, usa drogas, gasta fortunas em roupas e causou muita polêmica ao lançá-lo . A protagonista é um alter ego da autora, despreza os que não pertencem ao meio e faz sexo como quem troca de roupa".
***
“Sou o mais puro produto da geração Think Pink; meu credo: Seja
bela e consumista” – Pág. 06.
Sobre a autora
Lolita Pille, francesa nascida em Sèvres, no dia
27 de agosto de 1982, lançou seu primeiro livro, intitulado “Hell” em 2003 e
rapidamente se tornou um fenômeno de vendas na França. “Hell” foi traduzido
para diversas línguas e se tornou um best seller no mundo todo. O livro é uma
crítica ao estilo de vida de jovens parisienses ricos que preenchem seu tempo
usando drogas, indo a boates e fazendo compras em lojas de grife. Segundo a
própria autora o livro é baseado no seu dia a dia, embora não seja auto-biográfico.
Em 2005, Pille lançou seu segundo livro, “Bubble Gum”, a história de uma
aspirante a modelo/atriz que faz de tudo para alcançar a fama, e em 2010,
lançou seu terceiro livro, “Cidade Penumbra”.
“E vocês que sonham com a nossa opulência dourada e
esplendorosa... É tudo fajuto, só folheado” – Pág. 20.
Sobre o livro
Elle, é rica, linda, mora no bairro mais rico de
Paris, gasta todos os dias em roupas e tranqueiras o que nós, meros seres
periféricos, ganhamos por mês para a sustentação de nossa família. Mas na
cabeça dela sua vida é um verdadeiro inferno, sem sentido. Por isso resolveu se
autonomear Hell (Inferno em inglês). Para ela sua vida não mais tem sentido. A
rotina – compras, social com as amigas, jantares, festas, álcool e drogas – já não
era mais o suficiente. Ela estava literalmente exaurida de toda a sua vida.
Cero dia ela se lembra que vai fazer um aborto.
Sua mãe a leva até o médico, tudo como nos conformes. Depois de tudo feito ela
decide ir fazer compras, afinal, nada como compras para distrair. Mas então ela
para em frente a uma loja infantil e cai aos prantos. Soluça de tanto chorar. É
nesse momento que um gentil rapaz a oferece um lenço e uma possível carona até
em casa. Ela recusa, agradece a gentileza, nota que seu carro é bem caro e que
ele é bem gostoso, e vai embora.
Mal sabe Hell que acabara de esbarrar com o
homem que mudará sua vida e também destruirá seu coração.
“E um dia a gente se descobre jogando sozinho. O outro tira
suas bolas de gude, toma suas cartas, e você fica plantado lá, como um babaca,
diante de uma partida inacabada... Esperando. Porque é isso que você pode
fazer, esperar. Parar de esperar, isso seria dizer que acabou” – Pág. 151.
O que esperar?
Entrei de cabeça nessa leitura achando que seria
uma leitura simples e prazerosa – pelo menos foi isso que as resenhas e dicas
sobre o livro diziam. Olha, sinto em dizer que não achei a leitura tão incrível
assim. Primeiro que não existe um roteiro definido. Não que deva ter, mas de
inicio, durante páginas e mais páginas, Hell destila seu veneno a quem quiser
ouvir. Citando toda sua rotina e realidade e comparando com as pessoas menos
favorecidas. Um discurso bem intrigante que me fez rir e muito, ótimo.
Mas depois disso não tem muito um clímax.
Acompanhamos ela em bebedeiras, em noites e noites de drogas. Achamos que ela
estava apaixonada por A, depois por B, mas então aparece Andrea e muda tudo. É
nesse momento que tudo mudo e a história ganha um caminho. Mas ainda assim a leitura
é difícil, pesada, apressada – e não de uma forma boa. São textões ligados e
sem fim, falas que duram quatro, cinco falas. É como se Hell e Lolita não
respirassem. O que acaba fazendo que que nós também não respiremos. Você se
cansa facilmente da leitura.
Personagens fúteis – amei cada um deles -,
contam ao leitor como é a vida da alta classe de Paris, classe essa que faz
parte dos 0,01% dos 10% que são ricos, ou seja, eles são podres de ricos.
Obviamente a mensagem de Pille foi passada e com sucesso: Dinheiro não traz
felicidade. Da forma como eles gastam e perdem tempo, a única coisa que fica é
o vazio de suas vidas.
Algo em tudo isso me lembrou a forma poética e
sem pudor que eu costumo ler em livros portugueses, como a escrita de Melissa Panarello, por
exemplo. É intrigante, impactante e muito, muito envolvente. Acredito que não
seja o livro que vai mudar sua vida, mas vale a pena dedicar um tempinho para conhecer
a história.
40/55